domingo, 2 de setembro de 2012

Meinedo - Casa de Vila Pouca - Dr. Duarte Leite

 

O portuense, Dr. Duarte Leite, ficou ligado a Meinedo e à Família Falcão, da Casa de Vila Pouca, pelo casamento com D. Maria Eulália Falcão de Magalhães (nome de solteira), em 20 de Abril de 1898, na Igreja Paroquial de Meinedo, quando esta contava apenas 17 anos, ali nascida, no ano de 1880. Após casamento, esta adoptou o nome de: Maria Eulália Falcão Leite. 

Dessa união nasceram quatro filhos: O Rafael, que se fixou no Brasil, onde constituiu família, sabendo-se que o filho primogénito se chama Duarte. Quanto às três filhas: Emília, Eulália e Isabel, casaram e fixaram-se em Lisboa.

Pelas inúmeras ocupações inerentes aos cargos que desempenhou, o Dr. Duarte Leite, só veio a fixar residência em Meinedo, a partir de 1931, após sua aposentação, por limite de idade, de Embaixador de Portugal no Brasil, cargo diplomático que exerceu, desde 1914, na então cidade capital: Rio de Janeiro.

TESTEMUNHO “I”

Eu, JFPereira, autor deste blogue, nascido em 1942, sou filho duma antiga empregada doméstica, do Dr. Duarte Leite e D. Maria Eulália.

Minha mãe, Joaquina, que era filha dum caseiro, o moleiro Joaquim Pereira, este rendeiro dum dos dois moinhos, daquela casa de Vila Pouca, a laborar no Rio Sousa, junto à velha Ponte de Casais, sitos a cerca de 250 metros, foi com eles, (D.L. e esposa,)  para o Brasil em 1914, com 16 anos, para os servir nos trabalhos domésticos, na Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro.

Mais tarde, após 1931, também ela passou a exercer idênticas funções na Casa de Vila Pouca, pelo que eu, enquanto criança, (6, 7 e 8 anos), fazia grande permanência naquela casa, comendo, por vezes, com a criadagem e ora brincando, com os netos do Dr. Duarte Leite, que residiam em Lisboa, quando estes, nas visitas, nas férias grandes e no Carnaval, vinham com os pais, passar uns dias à Casa de Vila Pouca – Meinedo, pelo que, nestas circunstâncias, tive o privilégio de conhecer o Dr. Duarte Leite e a D. Maria Eulália, filhos e netos. Nesta conformidade, posso e quero testemunhar, o seguinte:

Que em fins dos anos 40. Séc. XX, o Dr. Duarte Leite, era visto todos os dias, a passear, a pé, pelo terreiro das tílias, fronteiro à casa residencial de Vila Pouca – Meinedo e pelo parque das carvalheiras, limítrofe, nestes seus grandes espaços ajardinados e arborizados, sempre caminhando, em constante atividade física.

Pessoa de fisionomia simpática, de porte elegante, de estatura alta, possuidor dum bigode de pontas compridas e dos seus respeitáveis cabelos grisalhos.

Ainda, relativamente ao Dr. Duarte Leite, afirmo que era muito constado, que foi uma excelente pessoa, como homem, como marido e como político. Como também se dizia que era muito respeitador e muito respeitado. Que tanto ligava ao rico como ao pobre, aos adultos como às crianças.

Recordo ainda o facto de, em 1950, uma ambulância da Cruz Vermelha Portuguesa, tipo “jeep”, com capota de lona e caracterizada com o seu símbolo, (a cruz vermelha), o ter ido buscar à Casa de Vila Pouca, Meinedo, para ser socorrido no Porto, por ter sido acometido de doença súbita que afinal, lhe havia de resultar na morte, aos 86 anos de idade.

Duarte Leite, nasceu no Porto a 11-08-1864 e veio a falecer nesta sua cidade, a 29-09-1950, onde está sepultado, no Cemitério do Prado do Repouso.

TESTEMUNHO “II”

Relativamente à esposa, a D. Maria Eulália Falcão Leite, que melhor conheci visto que, esta só veio a falecer em 1968, faço questão, de aqui expressar umas breves palavras de apreço, começando por dizer que era uma pessoa muito querida e muito conhecida, por todos em Meinedo, pela "Senhora de Vila Pouca” e também era designada, por muitos, pela senhora “Dona Embaixatriz”.

 Tratava-se de uma senhora bem formada, extremamente culta e religiosa e muito bondosa. Sempre socorria quem a ela recorria, para obtenção de um emprego ou de quaisquer outras ajudas, inclusive, duma esmola.

Foi uma boa esposa e uma boa mãe, (teve 4 filhos) e, acima de tudo, foi "uma boa mãe" para os mais carenciados. Muito caridosa e carinhosa para com as crianças e velhinhos, em todas as circunstâncias, a quem periodicamente ajudava e, anualmente, sempre distribuía bodos de Natal.

D. Maria Eulália, foi para mim, como uma madrinha de guerra, atendendo que até teve a bondade e a disponibilidade de se corresponder comigo, embora de modo esporádico, quando eu, entre ABR.1964 e OUT.1966, estive em missão de soberania, no norte de Moçambique, para onde ela me enviou lembranças comestíveis, (frutos secos), livros e revistas, nomeadamente, por ocasiões do Natal.
D. Maria Eulália, nasceu em 7/10/1880, casou com o Dr. Duarte Leite em 20/04/1898 e faleceu em 13/10/1968. Está sepultada no Cemitério Paroquial de Meinedo.
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Notas sobre a sepultura do DR. DUARTE LEITE:

 
Local: CEMITÉRIO DO PRADO DO REPOUSO

PORTO

 – Jazigo subterrâneo, nº. 2921, com cobertura de mármore branco

– Placa com os dizeres

 
AQUI JAZ

DR DUARTE LEITE

1864 – 1950
 

– Floreira ao centro, em forma oitavado, com as iniciais: D.L.

– Duas floreiras na cabeceira com pé alto.

 

Obs.: – Eu, autor deste blogue, estando a morar no Porto, desde 1958, fui algumas vezes, antes de ir para a tropa em 1963, acompanhar minha mãe, àquele cemitério, para enfeitar esta sepultura, a pedido da viúva de DL, a D. Maria Eulália Falcão Leite.






3 comentários:

  1. Boa tarde Sr Fernando Pereira,

    Parabéns por este excelente blog que nos dá a conhecer a vida do Dr. Duarte Leite, que "ficou ligado a Meinedo e à Família Falcão, da Casa de Vila Pouca, pelo casamento em 1895, com D. Maria Eulália Falcão Leite, quando esta contava apenas 15 anos, ali nascida, no ano de 1880."

    Cumprimentos

    Paulo

    https://www.facebook.com/Meinedo

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  2. Parabéns, amigo e companheiro Fernando Pereira, pela nobreza deste tributo a tais personalidades, generosidade que só vem comprovar, se dúvidas houvesse, a magnanimidade desse teu enorme coração. Um grande abraço.

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